Conheça a banda que estará em turnê com David Gilmour
Em sua última turnê, a “Rattle That Lock” (2015-2016), David Gilmour contou com Phil Manzanera (Roxy Music) como guitarrista de sua banda, de quem é muito próximo e já havia produzido seus dois últimos álbuns além de “The Endless River”, o último do Pink Floyd.
O outro guitarrista, além de tecladista (e cantor da parte de Rick Wright em “Time” e da estrofes de Roger Waters em “Comfortably Numb”) era Jon Carin, figura importantíssima que acompanhava (ao vivo e em estúdio) o Pink Floyd desde 1987 e foi exemplo único e inusitado em vestir a camisa de dois times “adversários”, tocando tanto com Gilmour quanto com Waters (desde 2000 até hoje).
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Após a três primeira etapas da “Rattle That Lock” (Europa, América do Sul e do Norte), ocorreu um evento beneficente em 24 de abril de 2016, o “Teenage Cancer Trust”, em Londres. É possível que algo tenha ocorrido nesta situação, dado que na retomada da turnê dois meses depois, Manzanera e Carin não estavam mais na banda. Provável que o primeiro tenha assumido outros compromissos, mas no caso do segundo (Roger só entraria em turnê um ano depois) a suspeita de desentendimentos só foi reforçada pelas contínuas publicações difamatórias contra Gilmour em suas redes sociais. Carin, que é um dos coautores de “Learning to Fly”, do Pink Floyd, frequentemente demonstra rancor quanto a créditos e divisão de renda de seus trabalhos com David.
Assim, é provável que na entrevista recente que Gilmour deu à revista Uncut anunciando a turnê e falando em primeira mão sobre o novo álbum “Luck and Strange“, o seguinte trecho tenha alguma relação com o relatado:
“É, eu mudei a banda de apoio na última vez por um número de razões, uma das quais é que estava tudo muito robótico, e algumas dessas pessoas estaria melhor em uma banda tributo ao Pink Floyd. Então, eu decidi que pegaríamos pessoas que são genuinamente criativas e daríamos a elas um pouco mais de espaço. Esse é o plano. Então, teremos alguns caras mais jovens”.
DAVID GILMOUR, abril de 2024
Indireta?
Na mesma oportunidade ele adiantou apenas três nomes, todos da turma da experiência: Guy Pratt e as irmãs Webb. Porém, tempos depois, na descrição do vídeo no YouTube que anunciava os shows nos Estados Unidos, outros nomes da banda da turnê foram muito discretamente citados.
E, de fato, Gilmour, mesclou jovens e profissionais consagrados. Conheça-os.
Guy Pratt
Baixo e vocais de apoio.
Zero surpresa para a presença de Guy Pratt, ele é o parceiro musical mais constante e duradouro de Gilmour desde 1987, tocando baixo para o Pink Floyd após a saída de Roger Waters e na carreira solo e turnês do guitarrista e de Nick Mason. Até virou genro de Rick Wright! É da família. Ele é membro da Nick Mason’s Saucerful of Secrets, que está com 35 shows marcados entre junho e agosto, o que significa que se a banda do baterista do Pink Floyd precisar de baixista a partir de setembro terá que arrumar um substituto pela primeira vez em mais de 200 shows.
Participou das gravações de “Luck and Strange“.
Rob Gentry
Piano e sintetizadores.
Estudou jazz e piano clássico na “Guildhall School of Music and Drama”, em Londres, onde trabalhou como músico de estúdio, compositor, arranjador e produtor. Com 20 anos de experiência, já trabalhou com Quincy Jones, Pete Tong, Georgio Moroder e Damian Lazarus.
Participou das gravações de “Luck and Strange“.
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Adam Betts
Bateria.
É professor, produtor e escritor em Londres. Tocando desde os 7 anos, ele se mudou para Londres em 2001 para estudar jazz na prestigiosa “Royal Academy of Music”. Participa dos projetos “TTT”, “Colossal Squid”, “Heritage Orchestra”, “Goldie” e “Squarepusher”.
Participou das gravações de “Luck and Strange“.
Ben Worsley
Guitarra e “lap steel”.
Jovem, o guitarrista apareceu em um vídeo já ensaiando “Wish You Were Here” para a turnê com David Gilmour no canal oficial do próprio:
“Lembro-me de assistir ao DVD ‘Pulse’, do Pink Floyd, repetidamente quando criança, fiquei impressionado com o espetáculo todo e tão inspirado pela guitarra de David e Tim Renwick, sonhando que um dia poderia estar lá em cima, fazendo aquilo! Então, fazer exatamente isso quase especificamente agora é uma experiência um tanto surreal para mim, para dizer o mínimo. Meu pai era um grande fanático em rock progressivo, foi ele que me comprou aquele DVD e me apresentou Pink Floyd e David Gilmour, ele estaria absolutamente encantado.
BEN WORSLEY
Mal posso esperar para começar.”
Greg Phillinganes
Teclados e um dos vocais principais em “Time”.
Embora desconhecido do grande público, é um músico da mais alta relevância. O tecladista de 68 anos já gravou e/ou excursionou com Stevie Wonder, George Harrison, Bee Gees, George Benson, Karen Carpenter, Eric Clapton, Aretha Franklin, Michael Jackson, Paul McCartney, Al Jarreau, Quincy Jones e Stevie Nicks. Ele fez parte das duas últimas etapas da última turnê de Gilmour (não veio aos shows do Brasil) e está na gravação de “Live at Pompeii”, lançado em 2017. Greg Phillinganes tem shows agendados de 18 a 29 de novembro com sua banda Toto (inclusive no Rio de Janeiro, no dia 26), o que impediu e/ou limitou a marcação de shows da nova turnê de Gilmour.
Louise Clare Marshall
Vocais de fundo, percussão e vocal principal e piano em “The Great Gig in the Sky”.
A prolífica vocalista participou de toda a turnê “Rattle That Lock”, inclusive nas quatro apresentações em solo brasileiro em dezembro de 2015. A cantora é integrante antiga da banda de Jools Holland, que é amigo próximo de Gilmour, então a ligação pode ter começado daí. Ela ainda tem enorme importância por gravar um dos vocais de fundos em “Louder than Words”, do Pink Floyd (“The Endless River, 2014), e nas canções “Rattle That Lock” e “Today”, ambas do álbum de Gilmour de 2015 que inspirou a última turnê. Ou seja, David gosta muito dela.
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The Webb Sisters
Hattie: harpa, percussão, vocais de fundo e vocal principal em “The Great Gig in the Sky”.
Charley: violão, uquelele, vocais de fundo e vocal principal em “The Great Gig in the Sky”.
Além de carreira própria, as irmãs excursionaram com Leonard Cohen e Tom Petty e já gravaram com Sting. Muito provavelmente, a ligação que as trouxe para a banda tem a ver com Cohen, já que o músico e poeta canadense é um dos personagens reais dentro do livro fictício “A Theatre for Dreamers”, da escritora Polly Samson, também letrista de “Luck and Strange” (entre outros) e esposa de Gilmour. Durante a pandemia, as “lives” da autodenominada família “Von Trapped” (uma referência àquela do filme “A Noviça Rebelde”) incluíram várias canções de Leonard Cohen.
Equipe principal
- Phil Taylor: chefe de palco
- Marc Brickman: chefe da iluminação
- Colin Norfield: chefe do áudio
- Gabriel Gilmour: designer de cenário
- Galvin Elder: chefe de filmagem
O que esperar?
O trio de “back vocals” já nos tenta a imaginar as (provavelmente várias) músicas nas quais será aproveitado, já que vocais de fundo femininos foram muito usados pelo Pink Floyd, destacadamente no álbum “The Dark Side of the Moon”, mas também em “Wish You Were Here”, “The Division Bell” e nos últimos álbuns solo de Gilmour (provavelmente, também, no que embasará a turnê).
O que chama muito a atenção é a ausência de um saxofonista, embora ainda possa ser acrescentado e/ou anunciado um.
Na última turnê, canções importantes que foram tocadas têm o instrumento como marca forte, como “Money”, “Us and Them” e “Shine On You Crazy Diamond” (vale lembrar que o saxofonista era brasileiro, o curitibano João de Macedo Mello). Muito difícil imaginar essas canções clássicas fora do repertório. Inimaginável também seria o instrumento ser reproduzido nos teclados, algo altamente comum e com resultados satisfatórios, mas nunca feito ao vivo por Gilmour (e, na verdade, até soaria estranho para quem acompanha a carreira dele).
Talvez um dos músicos citados toque sax ou talvez um instrumentista novo ainda será anunciado ou… essas músicas não serão tocadas mesmo, o que combinaria com trecho da já citada entrevista de Gilmour à Uncut em que ele insinua aversão “em cantar letras escritas por Roger Waters”. As relações pessoais com o ex-companheiro, tensas desde o final da década de 70, pioraram muito desde o ano passado.
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